Um "DR" com a mente


Às vezes tenho vontade de entrar na minha mente e perguntá-la: "quer um café, uma água, Rivotril? Isso mesmo! Quem você pensa que é para me fazer acreditar em Papai Noel? Não dava para ser mais calculista e pensar nos fatos? Mas não! Você quer virar autora de novela! Ou então criar umas situações que mais parecem cenas de filme de ação: o protagonista com uma pistola safada enfrentando asiáticos acrobáticos fortemente armados e habilidosos. E quem vence? O protagonista duvidosamente talentoso para deixar um batalhão de pessoas inconscientes com dois golpes.



Absurdo é seu sobrenome. O maior volume migratório do planeta é quando chineses resolvem viajar num feriadão e você simplesmente transforma isso num voo migratório de aves em câmera lenta ao som de música de elevador. Você é sofisticada demais pra se imaginar num "trem bala" chinês em pleno feriado. E, além disso, tem mania de assistir reprises dos piores filmes possíveis.

Pena que não que posso te jogar pela janela e encomendar um turbinado pela internet. Daqueles rápidos, objetivos, tranquilos e (por quê não?) disciplinados que adoram viver de comida natureba, que nem aquelas atrizes que parecem que nunca tiveram problema na vida. Porém você é um cachorro cuja maior felicidade é uma porta aberta e um dono que brinca de "cabo de guerra" com você calçadas afora. Por isso, tenho que domá-la... não tem jeito, aliás, tem. Preciso continuar reclamando para você nunca pensar que pode fazer o que quer e esvaziá-la de vez em quando, pois tem muita coisa que não vale a pena pensar."

Numa noite de sono


O Sentido viaja para sentidos diversos
Universos abrem as portas de suas casas
De repente, são invadidos
Vândalos quebram, rasgam...
Juntam tudo, ateiam numa fogueira
Que derrete a lógica de cristal colorido por imagens em pedaços
Que não se encaixam mais, como se nunca fossem unidos
Bagunçam o tempo que fora catalogado cuidadosamente em prateleiras
Fazem da memória uma criança:
ora assustam
ora divertem
ora escondem sua irmã mais nova Lembrança
!
Volto para o mundo:
o alarme tocou

?

Será que choveu?
Será que a luz acabou?
Será que todos saíram?
Ou será que fiquei surda?

Por que esse silêncio me faz perguntas?
Por que eu questiono esse silêncio?

Mas por que essas interrogações?
Por que me preocupo com a ausência?
Será que é com o que não há lá fora?
Ou com o que há em mim?

A poética feminina

Existe um espaço de tempo considerável entre fazer um documento e renová-lo.
Existe um outro espaço de tempo regulado pelo coração.

Só mulheres têm esse relógio desregulado, inquieto
Que só descansa com palavras.

Não tem prazo de validade
Nem período de renovação

O inesperado é bem-vindo
Plante cuidadosamente o pé-de-feijão
E terá uma plantação.